Redução de custos leva empresas para Brasília
Aberto em 1957, antes da inauguração da cidade, cujo plano-piloto foi inspirado no desenho de um avião, o Aeroporto Internacional de Brasília se tornou um dos principais hubs aéreos brasileiros. A redução da alíquota do ICMS sobre o combustível de aviação de 25% para 12%, em 2013, está ligada ao crescimento do tráfego no aeroporto do Distrito Federal.
A queda dos custos atraiu mais companhias aéreas e trouxe novas rotas para Brasília, transformando a capital do país num importante centro de conexões. "Depois da redução, foram 56 novos voos no Distrito Federal em apenas 90 dias", diz Daniel Ketchibachian, presidente da concessionária Inframérica, que administra o aeroporto.
Com isso, Gol, Latam e Avianca instalaram seus hubs em Brasília. Um ano após a medida, 205 novos voos eram registrados e duas novas companhias aéreas passaram a operar no aeroporto, com 36 novas rotas internacionais passando pela cidade. A redução da alíquota sobre o querosene de aviação, um dos principais componentes de custo das empresas, também
Com isso, no período de 2012 a 2015, o movimento de passageiros cresceu 20%. Para acompanhar o aumento da demanda, no entanto, foi preciso investir na reforma e ampliação das instalações. Hoje, o Aeroporto de Brasília só perde para o de Guarulhos, em São Paulo, no número de passageiros atendidos no país. Desde 2012, quando assumiu a operação do aeroporto, a concessionária Inframérica investiu R$ 1,5 bilhão no aumento de capacidade de 16 milhões para 21 milhões de passageiros.
As novas salas de embarque, os Píeres Sul e Norte, foram concluídos em abril e maio de 2014, respectivamente. O Terminal passou de 60 mil m2 para 110 mil m2, um aumento operacional de 45%, e o número de posições para estacionamento de aeronaves aumentou 67%, chegando a 70, das quais 29 são pontes de embarque.
O concessionário agora planeja aproveitar o movimento gerado pelo hub. Com um investimento de R$ 3,5 bilhões, a empresa planeja construir um complexo de compras e entretenimento. "Vamos investir recursos próprios e financiar parte do projeto junto a bancos públicos e privados", diz Ketchibachian. O projeto é composto por seis empreendimentos imobiliários localizados na área do aeroporto: Office Park, Sun Park City Center, rede hoteleira, área de storage e self-storage, o Terminal JK e a ampliação da sala de embarque internacional.
A construção da nova sala de embarque internacional terá início em 2017 e previsão de entrega em 2019. Com um total de 9 mil m2, ela permitirá que o aeroporto aumente em 130% sua capacidade para receber passageiros internacionais, chegando a 1,5 milhão de por ano. O Terminal JK, por sua vez, fará parte da nova estrutura e será um centro comercial com 280 lojas, restaurantes, lanchonetes, além de um edifício garagem com capacidade para quatro mil vagas de estacionamento, dois hotéis, dois edifícios de escritórios, cinema, academia e áreas destinadas a descanso, num investimento de R$ 900 milhões. O Terminal JK será via de acesso à sala de embarque do Terminal 1 do aeroporto.
O aeroporto também ganhará mais cinco hotéis de 3,4 e 5 estrelas. Entre eles, estará o primeiro Hard Rock Hotel do país. As obras estão previstas para conclusão em 2018 e vão dar ao Aeroporto de Brasília mais 1,6 mil quartos à disposição dos turistas.
Expansões e aumento de demanda à parte, o Aeroporto de Brasília ainda luta para melhorar a qualidade do atendimento ao público. O aeroporto foi apontado no terceiro trimestre como o 9º no Ranking de Qualidade dos Aeroportos, do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil. A pesquisa é realizada nos 15 terminais mais movimentados do país e avalia a opinião dos usuários a respeito de 38 itens e serviços do aeroporto, como preço da comida vendida, limpeza, tempo de espera nas filas de check-in e restituição de bagagem, entre outros.
Apesar do movimento em alta, a Inframérica depositou em juízo a parcela referente ao ano de 2016, no valor de R$ 245,681 milhões. "
Estamos adimplentes", diz Ketchibachian. Segundo o presidente da Inframérica, a concessionária pede junto à Anac uma redução no valor, por ter realizado investimentos que não estariam previstos no contrato de concessão.
Fonte: Valor Econômico