Para atrair VIPs, hospital do DF investe em quarto de luxo e cardápio de chefs
Quartos têm lençol 200 fios, louça de cerâmica, máquina de café e smart TV Ala atende autoridades, executivos e pacientes com 'convênios superiores'.
Foto: Haruo Mikami/Divulgação
Quarto de luxo no Hospital Santa Lúcia, em Brasília
Para atender pacientes VIPs, o Hospital Santa Lúcia, em Brasília, decidiu investir em um serviço de hotel cinco estrelas e oferecer aos internados 130 quartos luxuosos com lençol de 200 fios, louça de cerâmica importada, televisão com acesso à internet de alta velocidade, máquinas de café e refeições preparadas por chefs, dentro das dietas prescritas pelos médicos.
Os quartos têm sala de espera, com um extenso sofá, ar condicionado e uma televisão grande para os visitantes. Funcionários, como assessores, que precisem permanecer perto dos pacientes, podem trabalhar em uma mesa redonda no espaço. Dentro da habitação, há ainda um cofre, um sofá cama e uma poltrona reclinável para acompanhantes (veja vídeo abaixo).
Além do atendimento prestado por um enfermeiro, um técnico de enfermagem e pelo médico, que é o mesmo para todos os pacientes do hospital, o internado da ala VIP conta ainda com o auxílio de um concierge. "Nessa ala, a gente recebe ministros, deputados, autoridades. Existem necessidades específicas para esse público. Não só com a parte de infraestrutura, mas tem também a questão do concierge, que faz o meio campo com a imprensa, com a demanda externa, que não é o foco do hospital", diz o diretor do Santa Lúcia, Raul Sturari.
Foto: Haruo Mikami/Divulgação
Sofá de couro e televisão em sala de espera em hospital em Brasília
Público
O serviço não é restrito a políticos – empresários, executivos, diretores de grandes empresas públicas e privadas e pacientes credenciados em convênios considerados superiores estão entre o público atendido pelo hospital. "O objetivo é mostrarmos que hoje Brasília oferece a mesma qualidade de atendimento que muitas vezes alguém acha obrigatório buscar fora."
Foto: Isabella Formiga/G1
Banheiro de quarto VIP em hospital particular
Sturari diz que percebeu que existia no mercado brasiliense um público com perfil mais "exigente" que não estava sendo atendido e que se deslocava para São Paulo para encontrar um atendimento hospitalar mais confortável. "Eu tenho médicos tão bons quanto os de São Paulo. A qualidade técnica do hospital é espetacular, os equipamentos, os centros cirúrgicos, tudo do melhor", diz.
"Mas uma pessoa como essa [figura pública], chega em um quarto acanhado, com uma cama 'meia-boca', um lençol simples, um café da manhã não tão bom, ela vai se incomodar. Ela espera mais. Acho que isso vem de encontro a essa necessidade, não só de preencher a alta qualidade assistencial, mas também entregar a hotelaria que esse tipo de público quer", diz.
O hospital também preza pela privacidade do paciente. "Outro aspecto importante é colocar a discrição. Uma autoridade, ou alguém que precisa de tratamento, e não queira, ou não possa ter a entrada normal, como qualquer outra pessoa que não queira se expor, quer evitar que tirem fotos, terá um acesso mais discreto, para poder entrar e sair sem ser notado", diz Sturari.
Convênios e cartões 'black'
Até o final do ano, o centro médico pretende instituir um cartão "black", como os que são usados em bancos e empresas aéreas para dar acesso às salas VIPs do aeroporto. Assim que chegarem nas entradas principais do hospital, serão encaminhados aos quartos "diferenciados". O hospital ainda estuda cobrar pelo serviço.
Sturari afirma que não há diferença no atendimento médico dado a pacientes com cartão "black", sem cartão, ou até sem convênio. Segundo ele, qualquer paciente será deslocado para um quarto VIP se não houver outra habitação disponível.
"Todos os pacientes serão tratados da mesma forma, com a mesma tecnologia, o mesmo médico, o mesmo equipamento. O que muda é que vou proteger a figura pública, colocando ela num lugar reservado. Ela vai ter acesso a um quarto mais luxuoso, com uma TV maior, comida diferenciada, mas esse tipo de coisa não relacionada a assistência médica. Essa não muda para ninguém."
http://g1.globo.com/distrito-federal...-de-chefs.html