Piantella fecha as portas, após 40 anos como principal reduto dos poderosos
Dono do estabelecimento há mais de 17 anos, o advogado criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, tentava salvar o estabelecimento de dívidas milionárias
No dia em que o Senado vota o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, é anunciado o fechamento do Piantella, restaurante em que políticos confabulavam acordos e traições que definiram os rumos da República nos últimos 40 anos. O dono do estabelecimento localizado na 202 Sul, o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, anunciou a decisão a colegas de profissão, por meio de um grupo de whatsapp. No entanto, ele não deu a data do último dia de funcionamento. A casa abriu na noite desta terça-feira (30/8).
Mais conhecido como Kakay, ele lamentou "profundamente" o destino daquele que considera "uma segunda casa para muita gente", um "patrimônio imaterial da cidade". Garantiu ter feito o possível para manter a casa, mas a crise financeira do país e as dívidas antigas do estabelecimento não deixaram.
O Piantella era o mais tradicional reduto de poderosos de Brasília, entre políticos e empresários patriarcas de famílias tradicionais. Entre os políticos, Ulysses Guimarães e Luís Eduardo Magalhães tinham mesas cativas – há uma placa na parede em homenagem à mesa de Magalhães. O agora presidente interino Michel Temer, o deputado Miro Teixeira entre outros também tinha mesas cativas no bar e no restaurante. O ex-ministro José Dirceu batia ponto no segundo andar, em sala reservada, para degustar vinhos com a cúpula do PT.
Dívidas e empréstimos
Kakay era dono do Piantella há mais de 17 anos. Em outubro de 2014, ele comprou os outros 50% de Marco Aurélio Costa, sócio e fundador. à épocas, o restaurante já acumulava dívidas astronômicas, apesar do cardápio com preços altos e da clientela poderosa e abonada.
Na tentativa de salvar o Piantella, Kakay recorreu ao Refis, o programa da Receita Federal que permite, sob certas condições, parcelar débitos tributários em até 180 meses. Chegou a estudar uma parceria com Alex Atala, o mais badalado chef brasileiro. Acabou recorrendo à mulher, Valéria, formada em gastronomia. Fechou o Piantella para reforma e o reabriu dois meses depois, com o cardápio mais enxuto e a mesma equipe.
Como um dos criminalistas mais requisitados de Brasília, Kakay, 58 anos, defendeu e defende muitos nomes de peso do meio político nacional. Conseguiu livrar o publicitário Duda Mendonça das acusações no mensalão do PT e tenta o mesmo com o ex-senador Demóstenes Torres em seu envolvimento com o bicheiro Carlinhos Cachoeira.
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