Eleição, PT e Roriz, tudo a ver
Eleição no Distrito Federal, historicamente, tem um candidato do PT e outro com o sobrenome Roriz. Não é obrigatório, claro. Mas virou regra. Em todas as eleições foi assim. E em 2014 não será diferente. O placar está em 4 a 2 para os Roriz.
A primeira vitória foi em 1990, quando o ex-governador Joaquim Roriz foi eleito em primeiro turno pelo extinto Partido Trabalhista Renovador (PTR). Ele venceu o petista Saraiva e Saraiva. Foi também a primeira eleição distrital para governador. Roriz teve como vice Márcia Kubitschek, (filha de JK).
Roriz já havia sido governador nomeado pelo então presidente da República José Sarney (PMDB).
Deixou o cargo para ser ministro da Agricultura, mas voltou para disputar o Palácio do Buriti.
Em 1994 ainda não existia a reeleição. Não podendo se candidatar e sem nenhum herdeiro político, Roriz apoiou Valmir Campelo, senador pelo PTB. Perdeu as eleições. Com isso, Roriz passou o governo a Cristovam Buarque, então filiado ao PT.
A reeleição foi estabelecida para as eleições de 1998. Cristovam pôde se candidatar. Tinha um governo bem avaliado. O seu adversário foi o ex-governador Joaquim Roriz, agora no PMDB. O salto alto atrapalhou os petistas e o peemedebista conseguiu o terceiro mandato. Foi uma das eleições mais disputadas que o Distrito Federal teve.
Os anos seguintes foram de muito desgaste para Roriz. Ele chegou em 2002 para disputar a eleição com bons índices de intenção de votos nas pesquisas. Ao mesmo tempo sofria bombardeio de adversários e de parte da imprensa.
Mesmo assim, o clima era de otimismo. O já-ganhou acabou quando abriram as urnas. A coordenação de campanha do governador apostava em vitória logo no primeiro turno. O adversário, petista Geraldo Magela, saiu na frente. Teve mais votos. Muitos achavam que era o fim da Era Roriz.
No segundo turno, o espírito era de guerra. Era matar ou morrer. Dossiês, acusações, brigas de rua.
Tantos rorizistas quanto petistas dividiram a cidade entre o o azul e o vermelho. Foi a campanha mais pesada e suja de Brasília.
Roriz ganhou por uma margem pequena de votos. Magela recorreu e o caso se arrastou num terceiro turno que acabou quase três anos depois no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Até se chegar ao julgamento, ninguém desceu do palanque. O clima de guerra perdurou.
O desgaste de 2002 teve reflexos em 2006. Os dois lados chegaram enfraquecidos à disputa do Palácio do Buriti. Seus candidatos comeram poeira e, pela primeira vez, a terceira via conseguiu chegar ao poder.
José Roberto Arruda (DEM) venceu a disputa no primeiro turno, tendo a governadora Maria de Lourdes Abadia (PSDB) em segundo e a petista Arlete Sampaio em terceiro. Foi a pior posição do PT em uma eleição no DF.
Roriz deixou o governo antes de acabar o mandato. Precisava se desincompatibilizar para concorrer ao Senado. Sua vice, Maria Abadia, assumiu o Buriti e foi a candidata do grupo de Roriz.
A disputa entre os dois protagonista da política de Brasília foi deslocada para o Senado. Joaquim Roriz entrou na disputa contra o ex-ministro do Esporte, Agnelo Queiroz. Venceu, mas não convenceu. Agnelo cresceu muito na reta final de campanha.
Roriz assumiu o Senado e não ficou muito tempo. Envolvido por denúncias, renunciou e foi pra casa. Arruda vinha fazendo um bom governo, mas a Operação Caixa de Pandora o derrubou. Quem sobreviveu, buscou uma aliança com o PT.
Em 2010, o tira-teima. Roriz versus Agnelo novamente. Agora em disputa o Palácio do Buriti. O antes favorito Arruda estava fora da disputa. Parecia ser uma eleição disputada. O PT teve a seu favor a Lei da Ficha Limpa que minou a candidatura de Joaquim Roriz.
Na reta final, abandonou a candidatura. Sua mulher, Weslian Roriz, assumiu a disputa e foi ao segundo turno contra Agnelo Queiroz. A vida estava fácil para o petista. Todos os adversários de peso ficaram pelo caminho ou enfraquecidos. Além disso, conseguiu fazer uma coligação que tinha desde rorizista, a comunista e pandorista. A eleição caiu no colo de Agnelo.
Em 2014, a disputa histórica pode se repetir. Joaquim não será o candidato. Trabalha para que a filha, deputada Liliane Roriz, se consolide e dispute o cargo que já foi do pai por quatro vezes. Do outro lado, teremos Agnelo tentando a reeleição.
Se Roriz vence a disputa por 4 a 2, Agnelo irá para o terceiro confronto. Perdeu de Joaquim, venceu Weslian e pode enfrentar Liliane. A deputada é cotada também para ser vice do senador Rodrigo Rollemberg (PSB).
Se em 2010 Agnelo teve Tadeu Filippelli, antigo braço direito de Roriz, como companheiro de chapa, Liliane pode compor com Rollemberg, filiado a uma legenda aliada histórica do petismo. É a política que muda e se repete.
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