Surge o terceiro mercado consumidor do País: o eixo Brasília-Anápolis-Goiânia. Nesta próspera região encontram-se duas das principais áreas metropolitanas do País, Brasília com 4 milhões de habitantes e Goiânia, com mais de 2,4 milhões, que juntamente com a aglomeração urbana de Anápolis (400 mil habitantes), formam o Eixo Braília - Anápolis - Goiânia, com população de 6,8 milhões de habitantes e um PIB de R$ 270 bilhões.
Para mensurar os impactos da formação desse eixo, a Codeplan - Companhia de Planejamento do Distrito Federal - promoveu um seminário com a elite técnica da Capital Federal e de Goiás, com a presença do governador do DF, Agnelo Queiroz.
O presidente da Codeplan, Júlio Miragaya, destacou os eloquentes indicadores do potencial de desenvolvimento dessa região, apta a atrair investimentos de alta capacidade de geração de empregos e renda.
O Eixo Brasília-Anápolis-Goiânia abrange as duas áreas metropolitanas que apresentam o mais acelerado crescimento demográfico entre todas as metrópoles brasileiras, assim com a maior taxa de expansão do PIB. Já é o 3º maior mercado consumidor do País, superado apenas pelas regiões metropolitanas de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Esse eixo se fortaleceu com a duplicação da ligação Brasília e Goiânia (BR-060) e da BR-153 entre Goiânia e Itumbiara, conectará as duas metrópoles do Centro-Oeste, por rodovia em pista dupla, com São Paulo, principal centro econômico nacional, e com os Estados do Sul e os países do Mercosul
Sua consolidação depende da implantação de alguns projetos estratégicos como a conexão ferroviária de Brasília com Anápolis e, daí com a Ferrovia Norte-Sul e com a Ferrovia Transcontinental (Uruaçu-Porto de Açu), assim como a construção do gasoduto partindo de São Carlos (SP) em direção ao Triângulo Mineiro e a Goiânia e Brasília, que disponibilizará uma nova e vantajosa fonte energética, ampliando a competitividade do “Eixo” na atração de investimentos, notadamente industriais.
O Centro-Oeste tem sido nas últimas décadas, a região que tem apresentado o melhor desempenho econômico entre as macrorregiões brasileiras. A sua participação no PIB nacional, que em 1970 era de 3,8%, passou para mais de 10% atuais (R$ 500 bilhões). Entre 1960 e 2013, a população da região quase setuplicou e alcançou 18,2 milhões (9,0% do total nacional); a produção de grãos cresceu para 82 milhões de toneladas em 2013 (43,5% do total nacional) e o rebanho bovino para quase 93 milhões de cabeças no mesmo ano (44% do total nacional).
BRASILIA, O PRINCÍPIO
Do início do século até o final da década de 1950, a região recebeu expressivas correntes migratórias, que propiciou um substancial aumento do contingente populacional e da atividade econômica. Estimulada pelo processo de “espraiamento” da economia paulista para além das barrancas dos rios Paraná e Paranaíba, a ocupação da região sofreu forte aceleração nas seis primeiras décadas do século passado, saltando sua população de 370 mil para 3 milhões de habitantes. De outro lado, a atividade econômica ampliou-se enormemente, com a produção de grãos saltando de 210 mil para 1,46 milhão de toneladas entre 1920 e 1960 e a criação de gado passando de 5,85 milhões para 10,75 milhões de cabeças no mesmo período.
Esse processo de ocupação populacional e expansão da atividade econômica na Região (aqui considerando o Centro-Oeste ampliado, incluindo os Estados de Tocantins e Rondônia), iniciou-se no começo do século XX, a partir do “espraiamento” da economia paulista para além das barrancas dos rios Paraná e Paranaíba, culminando na “Marcha para Oeste”, de Vargas. Foi a partir da fundação de Brasília em 1960, contudo, que o processo de ocupação do oeste brasileiro ganhou uma dimensão ainda maior, tendo ela cumprido a função de força motriz do processo de interiorização da economia brasileira, inclusive por ter funcionado como ponto de recepção de migrantes das distintas regiões litorâneas e de distribuição rumo às terras desocupadas do oeste, beneficiando-se do fato de ser o epicentro da malha rodoviária nacional, então em estruturação, e que passou por exponencial expansão nas décadas seguintes. 7 Dessa forma, entre 1960 e 2013, a população da Região quase setuplicou e alcançou 18,2 milhões (9,0% do total nacional); a produção de grãos cresceu para 82 milhões de toneladas em 2013 (43,5% do total nacional) e o rebanho bovino para 93 milhões de cabeças.
O EIXO, HOJE
Muito embora seja ainda uma região de fronteira agrícola, a taxa de urbanização da região Centro-Oeste chegou a 85%, a segunda maior do Brasil, devido, principalmente, ao modelo agrário predominante. Nela encontram-se duas das principais áreas metropolitanas do País, Brasília com 4,0 milhões de habitantes e Goiânia, com cerca de 2,4 milhões, e que juntamente com a Aglomeração Urbana de Anápolis, formam o Eixo Brasília - Anápolis - Goiânia, com população superior a 6,8 milhões de habitantes.
A conjunção de um numeroso contingente populacional com um rendimento médio superior à média nacional faz do eixo Brasilia-Anápolis-Goiânia o terceiro maior mercado do País, com renda disponível para consumo de quase 140 bilhões de reais, superado apenas pelas regiões metropolitanas de São Paulo e do Rio de Janeiro. Esse surto deve-se principalmente ao setor agrícola. No entanto, o setor industrial apresenta baixo desenvolvimento, e converte-se num desafio aios planejadores do presente e do futuro. O desafio para a região é se inserir no “novo mapa” da localização industrial brasileira e capitalizar parte desse processo de desconcentração industrial ainda em curso. Deve-se destacar ainda a relativa proximidade do eixo Brasília-Anápolis-Goiânia com o eixo dinâmico da economia nacional.
Aliás, o acentuado crescimento nos últimos anos de algumas cidades médias (Joinville, Caxias do Sul, Londrina, Uberlândia, Vitória), e mesmo metrópoles (Curitiba, Campinas, Fortaleza) com base na expansão industrial vem desmistificar o argumento daqueles que hoje descartam a indústria como fator de desenvolvimento econômico, e que em Brasília, constitui-se num contingente numeroso e influente. O argumento apresentado é que Brasília deve desenvolver-se apenas como centro prestador de serviços, notadamente os de alta especialização. Inicialmente, deve se ter claro que as duas opções (indústria e serviços) não são excludentes, pelo contrário. A análise das experiências internacionais bem sucedidas de forte desenvolvimento e especialização em serviços de algumas metrópoles (Boston e Baltimore, nos EUA, Frankfurt e Paris, na Europa) revela que o notável desenvolvimento, nestas metrópoles, de serviços especializados, foi enormemente facilitado pela ampla base industrial existente em suas regiões.
Isto ocorre porque parcela determinante destes serviços é demandada exatamente pelo setor industrial. Para não irmos tão longe, basta verificarmos o caso da região metropolitana de São Paulo, maior e mais complexo centro de prestação de serviços do País, e não por acaso, seu maior centro industrial. 20 Alguns gargalos persistem e entravam as perspectivas de um efetivo desenvolvimento industrial, e eles se localizam principalmente na área de infraestrutura econômica. Dessa forma, a realização de investimentos em infraestrutura é uma condição básica para a Região dar um salto em seu processo de desenvolvimento. Algumas condições para almejar este objetivo estão dadas como a existência de um amplo mercado consumidor e de renda acima da média nacional, alto grau deinstrução da população, uma razoável infraestrutura econômica, uma variada disponibilidade de insumos industriais e ampla base produtiva no setor agropecuário.
Somente a Área Metropolitana de Brasília representa hoje um mercado de 4,0 milhões de pessoas, com renda disponível para consumo superior a R$ 90 bilhões, e se considerarmos o eixo Brasília-Anápolis-Goiânia, este mercado ascende a 6,8 milhões, com renda disponível para consumo de quase 140 bilhões de reais, o 3º maior mercado do País, superado apenas pelas regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro. Enfim, as condições para o desenvolvimento industrial no Distrito Federal são amplamente favoráveis, devendo a sociedade local se armar de uma estratégia para a sua efetiva promoção. E a industrialização da Área Metropolitana de Brasília, particularmente de sua periferia metropolitana, pode ser um dos caminhos, talvez o principal, para a resolução dos graves problemas que a atingem.
Se no caso do Distrito Federal a estratégia de industrialização deve focar os segmentos intensivos em capital e tecnologia (informática, por exemplo), no caso do Entorno Metropolitano a estratégia deve visar atrair os segmentos intensivos em mão de obra (alimentação e bebidas, calçados e confecções, metalurgia, mobiliário etc), mais adequados ao perfil local, e geraria pelo menos quatro consequências diretas e positivas para o DF:
a) reduziria a pressão sobre o mercado de trabalho do DF;
b) atrairia investimentos em atividades de apoio ao setor industrial (serviços de manutenção, financeiros, de transporte, comercialização etc) que em boa parte se instalariam no DF;
c) aumentaria o poder aquisitivo da população local, que em larga medida seria dispendido no DF; e
d) aumentaria a capacidade de arrecadação das prefeituras locais e, consequentemente, a capacidade de investimento na ampliação e melhoria dos serviços e equipamentos urbanos, reduzindo a pressão sobre os mesmos do DF
Fonte:
http://www.cartapolis.com.br/wp-cont...7/07.20141.pdf