De olho no Autarquias Norte
Construtoras, incorporadoras e imobiliárias se agitam de olho na última área não construída na região central da capital federal. Trata-se da expansão do Setor de Autarquias Norte (SAUN), que é dono de excelente localização mas carece de infraestrutura pública
Foto: Rúbio Guimarães
Os espaços para novas construções no Setor de Autarquias Norte (SAUN) são vastos: as gigantes da construção civil se adiantam para garantirem terrenos no centro
Uma extensa área na cobiçada região central de Brasília, próxima à Esplanada dos Ministérios, ao Congresso Nacional, a shoppings, hotéis, terminal rodoviário e metroviário, futuro Estádio Nacional, setores Comercial e Bancário, entre outros importantes pontos. Lá funcionam o Departamento Nacional de Produção Mineral (DPNM), o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e diversos outros grandes órgãos e entidades públicas e privadas. Quem ouve falar do local pela primeira vez imagina que seja repleto de importantes edifícios de empresas e órgãos públicos, quando na verdade isto não acontece.
A área em questão é o Setor de Autarquias Norte (SAUN), constituído pelos últimos terrenos ainda não construídos no coração da capital federal. E a pergunta é inevitável: por que os lotes estão praticamente vazios? Dados da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) apontam que 7 mil pessoas trabalham na região, o que é pouco se comparado aos funcionários e servidores que atuam no Setor de Autarquias Sul (SAUS) por exemplo: 15 mil.
Em 2011 começou a sair do papel o projeto que prevê a expansão do SAUN, com a construção das quadras 4 e 5. Assim como o SAS, onde estão órgãos públicos e edifícios recheados de empresas privadas, o aumento territorial da área homônima na parte norte abrigará construções do mesmo porte. O plano de arquitetura e urbanismo original da região data de 41 anos atrás e daí vem uma das respostas para o questionamento: muitas empresas não querem construir ali pela falta de previsão de vagas de estacionamento vertical nos edifícios. Na década de 70 Brasília não sofria com o trânsito como ocorre hoje, com cerca de 1 milhão e 150 mil carros, praticamente um para cada dois habitantes.
Infraestrutura
O local não é servido de paradas de ônibus, a iluminação é precária e só existem duas entradas para quem chega de carro. Quando a opção de estacionamento mais próxima – Setor Bancário Norte – está lotada, o que é rotineiro, os proprietários estacionam os automóveis em cima das calçadas e ao longo dos meios-fios. A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação do Distrito Federal (Sedhab-DF) já sinalizou que pretende estudar a alteração do projeto urbanístico original da capital federal, o que proporcionaria maior liberdade na ampliação de vagas e vias de acesso ao SAUN.
O secretário de Desenvolvimento Urbano do DF, Geraldo Magela, acredita que não é possível separar os problemas do SAUN daqueles do restante da região central. “O Setor de Autarquias Norte tem as atenções voltadas para si por ser uma área remanescente, ainda não concluída. Mas devemos pensar Brasília como um todo e procurar soluções para o todo. A revisão do projeto urbanístico é um excelente começo para resolver problemas atuais que há muito tempo não existiam. É inadmissível que trabalhadores não tenham vagas disponíveis para seus veículos e, se optarem por tomar um ônibus urbano, ter dificuldade na hora da descida por falta de ponto”, reconhece.
Para crescer, tem que evoluir
O Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) é um dos órgãos que funciona na região. Situado na quadra 1, o prédio está em uma das áreas mais críticas do SAUN. Um servidor que não quis se identificar diz que enfrenta há algum tempo os problemas de estacionamento e segurança. “Já houve vezes em que precisei estacionar no Teatro Nacional devido à falta de espaços permitidos perto do meu trabalho. Na hora de ir embora, já à noite, dois rapazes alegaram que lavaram meu carro mesmo sem ter me pedido e exigiram R$ 10 cada um. Por sorte eu estava com o dinheiro na carteira e preferi não discutir, mas poderia ter sido muito pior”, lembra.
Mesmo com todas as adversidades apresentadas na área, principalmente relativas aos rotineiros problemas de trânsito e estacionamento, as empresas dos ramos imobiliário e da construção civil enxergam a região de maneira positiva. A excelente localização continua sendo o diferencial do Setor de Autarquias Norte. “Estamos próximos à 5ª Delegacia de Polícia, a bancos, shoppings e hotéis. Logo no início da Asa Norte há várias concessionárias, oficinas, lojas de informática... Além do mais daqui para o colégio do meu filho eu não gasto nem dez minutos”, observa a funcionária do Centro de Dança do Distrito Federal, Ana Carla Macedo.
A Tishman Speyer e a Via Engenharia são exemplos de construtoras que investiram no SAUN. Situado na quadra 5, o Green Towers Brasília é o primeiro empreendimento corporativo da Tishman na capital federal. De origem norte-americana e proprietária de alguns dos maiores ícones internacionais, como o Rockefeller Center e o Chrysler Center, em Nova York, e o Sony Center, em Berlim, a Tishman Speyer está há mais de 15 anos no Brasil.
A Via Engenharia tem 30 anos de atuação no mercado nacional e é a maior empresa de construção do Centro-Oeste, sendo também uma das mais importantes e eficientes construtoras em atividade no Brasil. Fernando Queiroz, presidente da Via, explica o porquê da aposta no setor. “Nos baseamos em todos os resultados que alcançamos nesses anos, na credibilidade da qual gozamos no mercado, da relação de respeito com os clientes, parceiros e fornecedores para acreditar que dará certo. E o Green Towers foi um sucesso em termos de vendas, especulações e procura”, comemora.
José Luís Wey de Brito, diretor de construções especiais da Via, crê que o estacionamento e o acesso ao Setor de Autarquias Norte são os pontos mais críticos da região. “Estima-se que pelo menos 50 mil pessoas circulem lá (SAUN) por dia quando estiver totalmente construído. Um projeto elaborado há mais de 40 anos não supre nem as menores necessidades”, critica.
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