Para o Norte e avante
A previsão de um desenvolvimento ousado atrai as atenções para Planaltina e a Saída Norte do DF. A expectativa é de que o projeto da Cidade Aeroportuária englobe um aeroporto internacional de cargas e passageiros
Um projeto arquitetônico de grandes proporções está prestes a sair do papel e revolucionar a economia e o desenvolvimento do Distrito Federal. Considerada uma das iniciativas mais ambiciosas e inovadoras ainda em análise pelo Governo do Distrito Federal, a Cidade Aeroportuária é vista por empresários do setor imobiliário e econômico como um diamante a ser lapidado. A ideia central da empreita é a construção de um complexo industrial de grande porte destinado à importação e exportação de cargas a 50 km do centro de Brasília, além de atender às rotas internacionais de passageiros.
Os principais benefícios apontados para o pós-construção da Cidade Aeroportuária são a evolução e os investimentos para os setores de comércio, transportes e serviços operacionais. Estima-se que a iniciativa consuma 20 bilhões de reais iniciais para a infraestrutura e construção do complexo e proporcione mais de 20 mil empregos diretos para os moradores da região.
De um ideal posto no papel à realidade, a Cidade Aeroportuária irá proporcionar um aumento nas exportações de alimentos, flores, medicamentos, peças e componentes eletrônicos, além de auxiliar no transporte de passageiros de outros países, desafogando o fluxo no atual Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek. O projeto prevê também a inauguração de um novo polo de varejo, com vendas on-line ou pelo telefone.
De acordo com o relatório divulgado em junho do ano passado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Distrito Federal, está prevista a construção a médio prazo da cidade localizada na região nordeste do Distrito Federal. A previsão é de que a Cidade seja alocada na região do Alto Santos Dumont, entre oito e nove quilômetros da Administração de Planaltina.
Segundo o documento, os principais objetivos da iniciativa são “prover Brasília com um aeroporto logístico de cargas que atenderá a todo o Centro-Oeste e às regiões Norte e Nordeste, principalmente. Este novo aeroporto será um complexo logístico onde empresas de alto valor agregado em conhecimento e tecnologia e de baixo impacto ambiental poderão instalar-se para produzir e abastecer outras regiões brasileiras e também exportar para mercados internacionais”.
Dentro do planejamento, a Cidade Aeroportuária abrigará os voos de carga e concentrará os voos internacionais de Brasília, antes destinados somente ao Aeroporto JK.
Marcos Garzon, empresário do setor imobiliário, crê que a Cidade Aeroportuária surgirá em um futuro próximo. “Funcionará como um aeroporto internacional para transporte de cargas e pessoas, tirando o peso do Aeroporto JK, que passará a receber somente os voos nacionais. O nosso atual aeroporto não comporta mais a demanda atual, e por isso acho necessária a construção desse novo espaço”, opina Garzon.
Ele frisa que o projeto ainda está na fase embrionária, mas que em 2016 já poderemos visualizar os primeiros passos. “No momento ainda está em andamento inicial. Teremos então um núcleo de indústrias, com hotéis, centros comerciais e shoppings”, completa. Ele ressalta que tudo estará no caminho da Saída Norte nos próximos anos. “As pessoas desconhecem o potencial de Planaltina, Formosa e outras cidades do Goiás. É preciso que os olhos se voltem para esse potencial, para o caminho do futuro”, finaliza.
Dentro da projeção de infraestrutura do complexo, existe a previsão da construção de um projeto perimetral, do qual a extensão inicia no Porto Seco até a cidade de Valparaíso. Além disso, o projeto pode alcançar Luziânia e Formosa, sendo as duas cidades ligadas por um trem expresso. A Cidade Aeroportuária poderá funcionar de forma similar ao ABC paulista, que circunda a Grande São Paulo, caracterizando assim uma nova grande metrópole.
Para se ter uma ideia das distâncias entre a Cidade Aeroportuária e Brasília, é possível calcular que o percurso entre a Esplanada dos Ministérios e a Administração Regional de Planaltina, próxima ao local de destino, tem cerca de 50 km. Em uma referência análoga, a distância entre a Avenida Paulista, localizada na Zona Sul de São Paulo, e o Aeroporto Internacional de Guarulhos é de aproximadamente 32 km.
Aliada a essas inovações, a Cidade Digital é outro projeto em andamento que poderá funcionar como um impulso à região, no sentido de atender à nova população do Noroeste e dos moradores da Saída Norte em geral. Sobre a escolha do local para a implantação do projeto, no caso próximo à Planaltina, existem contradições. Especialistas da área indicam que o novo aeroporto poderia estar situado na Saída Sul, enquanto outros defendem a continuação do projeto na Saída Norte, anulando assim o choque entre as rotas aéreas já estabelecidas no Aeroporto JK.
Administrar com visão de futuro
Para o administrador de Planaltina, professor Nilvan Vasconcellos, o projeto é de extrema importância para Brasília e para a cidade que administra. “Estamos movidos pela possibilidade desta ideia de uma metrópole. Acredito que a cidade tem um potencial bem maior para os próximos anos, já que possuímos a maior produtividade do Centro-Oeste”, aponta Nilvan.
Para ele, a tecnologia será difusora e captadora de produtos, em uma trajetória que virá desde Luiz Eduardo Magalhães (BA) até a capital federal. Planaltina será o novo polo de desenvolvimento do Distrito Federal e impactará tanto os habitantes de sua própria cidade quanto de Brasília. Nilvan conta que há 10 anos não haviam faculdades na cidade. “Hoje temos cinco, entre elas um campus da Universidade de Brasília (UnB) e da União Pioneira de Integração Social (UPIS). Sem contar a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)”, completa.
Por meio de estudos, engenheiros civis e da aviação apontam que o atual aeroporto de Brasília está trabalhando acima de sua capacidade. O professor e administrador corrobora com essa linha de pensamento. “Tenho plena certeza de que o Aeroporto JK não comporta e nem oferece mais as condições técnicas do volume que vem apresentando. O que irá acontecer é uma ligação intercontinental, onde iremos receber os voos internacionais na nossa região, com pessoas bilíngues que possuem habilidades específicas em tecnologia e mais importante, que moram aqui”, reforça o administrador.
Ele ressalta que a ideia é inverter a lógica atual de trabalho e moradia. “A intenção que temos com a Cidade Aeroportuária é alterar a atual lógica comum, onde no futuro as pessoas virão para Planaltina trabalhar, e não sair daqui para buscar emprego no Plano Piloto”. Atualmente, 37% da população economicamente ativa deixam a cidade para trabalhar em Brasília. Nilvan prevê, então, que o percentual de pessoas que moram e trabalham em Planaltina irá aumentar nós próximos anos, impulsionados pelos investimentos em saúde e educação.
Grupo de trabalho
A portaria nº 65, publicada no Diário Oficial da União de 20 de maio, instituiu a criação de um grupo de trabalho com o objetivo de acompanhar a execução e implantação do projeto. O grupo visa explorar o aeródromo de Planaltina (SWPV) por intermédio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico. De acordo com o artigo 3º do documento, “o grupo de trabalho terá 18 meses para dar cumprimento às diligências previstas no Convênio e um relatório quanto ao melhor instrumento a ser utilizado (…).”
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