Entre a Rua e o Céu: Conciliando o urbanismo tradicional com Brasília
Uma das questões primordiais sobre Paranoazinho se refere à articulação entre o sistema urbano tradicional, revisitado pelo masterplan de Jan Gehl, e o contexto moderno e experimental de Brasília, projetado por Lúcio Costa. Ambos os modelos produzem ambiências urbanas bastante distintas e aparentemente inconciliáveis. A primeira tem foco no pedestre, promovendo ruas ativas e caminháveis em um ambiente urbano mais denso, enquanto a segunda obedece ao princípio da circulação por automóveis, com baixa densidade e setorização de usos, produzindo espaços mais livres e vistas desobstruídas.
Para responder a este desafio, imaginamos o projeto a partir de dois planos superpostos. O embasamento, mais compacto, define o perímetro das quadras e se beneficia de um contato mais próximo com a rua. A parte superior, organizada em lâminas e menos edificada, é mais aberta e permite observar a paisagem do parque. Entre estes dois planos foi localizada área de lazer, que descola os volumes e organiza a composição. Esta nos parece uma abordagem adequada para resolver a ambiguidade entre a cidade tradicional e a moderna. Junto ao parque optamos por abrir a quadra, estabelecendo um diálogo com este. Neste espaço foi criado um pequeno pátio com bares e lojas, por onde também pode ser acessado o interior do conjunto. Os edifícios possuem múltiplas portarias, que acessam os apartamentos aos pares. Assim, os apartamentos podem ter aberturas para ambos os lados, garantido iluminação adequada e ventilação cruzada.
É clara a importância do traçado viário secundário previsto pelo masterplan em toda a área. Ele subdivide as quadras e prioriza o pedestre, garantindo a permeabilidade necessária para o bairro ser percorrido a pé e de bicicleta. Como contribuição ao desenho urbano, pensamos que este sistema possa ser complementado por pequenos largos nos encontros de vias, que funcionariam como ativadores da vizinhança.
Fonte:
http://www.rualab.com/portfolio/60,6003
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