Entidades do setor cobram delegacia
TURISMO
Além de mais segurança aos visitantes que chegarão para os jogos da Copa de 2014, empresários reivindicam até calçadas.
DIEGO AMORIM
A menos de mil dias para a Copa do Mundo de 2014, Brasília carece de condições básicas para receber turistas. Enquanto se discute a quantidade de leitos e o atraso em obras de infraestrutura, representantes dos setores hoteleiro, de bares e restaurantes da capital do país, uma das cidades sedes do Mundial, alertam para problemas muito mais triviais e urgentes, como a falta de iluminação, calçadas e policiamento na área central.
Reunidos em café da manhã no Brasília Palace Hotel, representantes de 14 entidades ligadas ao turismo partilharam ontem preocupações e elegeram como prioridade a criação de uma delegacia do turista, existente nas principais cidades do mundo. Um projeto de lei com o pedido tramita na Câmara Legislativa. Uma proposta com o mesmo teor chegou a ser aprovada em 1996, mas não entrou em vigor porque não foi homologada em tempo hábil.
Sem policiamento específico, segundo donos de hotéis e guias turísticos, sobram relatos de visitantes que voltam para casa com histórias de furtos e assaltos para contar. "É triste, mas orientamos os turistas a não caminharem a pé pela cidade", disse a presidente do Sindicato dos Guias Turísticos do Distrito Federal, Damares Barreto. Os roteiros pela capital, acrescenta ela, precisam terminar antes do pôr do sol por conta da insegurança à noite em locais como a Fonte Luminosa da Torre de TV.
O projeto da nova feira de artesanato da Torre prevê a instalação de um posto policial avançado voltado para os visitantes. Mas, até agora, não se ouviu falar nele. "Falta fazer o dever de casa. Sem segurança, os turistas vão pensar duas, três vezes antes de vir para cá", comentou o vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do DF (Abih-DF), Helder Carneiro. "A situação nos setores hoteleiro está cada dia pior", completou o presidente do Brasília Convention & Visitor Bureau, Rogério Tonatto.
Empresários dizem ser frequentes furtos a carros de hóspedes, por exemplo. "Independentemente de Copa, passou da hora de a gente ter uma delegacia especializada", afirmou o presidente do Sindicato de Bares, Hotéis e Restaurantes do DF (Sindhobar), Clayton Machado. Presente ao café da manhã, o deputado distrital Raad Massouh (DEM), dono de hotel fazenda, prometeu "abraçar a causa" e aproveitou para pedir voto daqui a três anos. "Sei que vou poder contar com o apoio de vocês."
O chefe da 5ª Delegacia de Polícia (Setor Bancário Norte), Láercio Rossetto, sustenta que a unidade tem condições de atender às necessidades levantadas pelos representantes do setor de turismo. A inauguração do prédio próximo à Torre de TV, prevista ainda para este ano, fará da 5ª DP a maior do DF, com 3 mil metros quadrados de área construída. "Se criarão a Delegacia do Turista, não sei. Mas estamos preparados para absorver toda essa demanda do turista", garantiu o delegado.
Segundo Rossetto, é possível criar uma seção específica e treinar policiais para cuidar exclusivamente das demandas dos visitantes. O delegado também cita a possibilidade de trabalho articulado com o posto da 10ª DP (Lago Sul), localizado no Aeroporto. "Só não posso garantir o policiamento ostensivo", ponderou ele, antes de deixar claro que o número de ocorrências envolvendo turistas não é significativo, ao contrário do que indicam os empresários do setor.
Por meio de nota, a Polícia Militar do DF informou que desde ontem uma dupla de policiais atuaria nos principais pontos turísticos de Brasília. O texto, porém, não lista que locais seriam esses nem o turno de trabalho. A PM reconhece que o grupamento turístico "está limitado em suas ações, tendo em vista a quantidade de policiais", também não especificada. Mesmo com as deficiências reconhecidas, a nota diz que o apoio aos turistas tem sido realizado.
Este mês, a Secretaria de Turismo iniciou curso de especialização em policiamento turístico, para preparar policiais militares a lidar com situações ligadas às atividades de turismo. A assessoria da secretaria destacou que seis centros de atendimento ao turista (CATs) estão em funcionamento na cidade, com 30 atendentes à disposição dos visitantes. Até o fechamento desta edição, o secretário de Turismo, Luiz Otávio Neves, não estava disponível para entrevista.
Obras
A Administração de Brasília informou que a recuperação de calçadas nos setores hoteleiros Norte e Sul está prevista e será executada em breve pela Novacap. Segundo a administração, o cronograma priorizou "áreas mais urgentes", como o Setor Comercial Sul e a avenida W3.
Falta o básico
» Iluminação precária nos setores hoteleiros Norte e Sul, o que facilita o tráfico de drogas » Ausência de calçadas - ou existência delas em péssimo estado de conservação - na área central e entre os principais pontos turísticos » Escassez de casas de câmbio » Falta de policiamento ostensivo nos principais pontos de visitação, o que deixa os turistas à mercê de assaltantes » Estrutura precária nos pontos mais visitados: número de banheiros químicos insuficiente e ausência de lixeiras
Correio Braziliense/AC
Fonte:
http://rio-negocios.com/entidades-do...=Bras%C3%ADlia