Brasília não aguenta mais esperar o ônibus
A licitação do transporte público do DF foi concluída em junho de 2013 e a troca da frota estava praticamente concluída em meados deste ano, mas, apesar de prevista no edital, a reorganização das linhas não começou a sair do papel e um milhão de brasilienses sofre diariamente com a ineficiência de um sistema formulado há décadas. Para enfrentar esse imenso desafio a partir de janeiro, os novos gestores da área apostam em uma completa reformulação institucional de órgãos como DFTrans, Detran e Secretaria de Transportes (que agora será de Mobilidade).
Apesar de a campanha eleitoral do então candidato ao GDF Rodrigo Rollemberg ter sido baseada na aposta em modais sobre trilhos, é sobre o sistema de ônibus que a nova equipe terá que se debruçar nesse primeiro momento. A intenção é livrar os passageiros da longa espera nas paradas e do aperto dentro dos coletivos e, desta maneira, convencer quem pode optar pelo carro a deixá-lo em casa.
Menos ônibus
A licitação da frota previa a troca do sistema de linhas diretas, ponto a ponto, por uma estrutura em que ônibus menores circulam pelas cidades e levam os passageiros até terminais, onde veículos maiores ligam as cidades, preferencialmente em pistas exclusivas.
“É um sistema mais moderno, mais ágil e que demanda menos veículos. Por isso hoje há, nas ruas, 2,6 mil ônibus, quase mil a menos do que antes da troca”, explica o futuro secretário de Mobilidade, Carlos Tomé. “Mas, como o sistema não mudou, a situação ficou até mais difícil para o usuário.”
Batendo cabeça
O atual secretário de Transportes, José Valter Vazquez, tentou começar a mudança das linhas, parte da licitação que sempre considerou a mais difícil. “O brasiliense pega só um ônibus há 50 anos. Só vamos convencê-lo a trocar se o sistema for muito mais eficiente”, costuma dizer.
Falhas na operação e divergências com o DFTrans, órgão responsável por controlar o sistema, no entanto, tornaram impossível melhorar a eficiência. A fiscalização dos horários, por exemplo, deveria ser garantida pelo acompanhamento via GPS da movimentação de todos os veículos, mas o governo não conseguiu tirar do papel uma central computadorizada para receber o sinal dos coletivos.
“Fazer isso será nossa prioridade total. O usuário tem que saber a hora do ônibus”, afirma Tomé, “Vamos atacar também as deficiências na bilhetagem eletrônica. Há muito o que fazer, mas é preciso começar”, completa.
Projetos em andamento, como o BRT, não serão abandonados
O projeto de mobilidade do novo governo é inspirado em um modelo comum em países europeus, de cortar a cidade com trilhos. Há esboços de linhas de VLT (Veículo Leve Sobre Trilhos) do Aeroporto ao Terminal da Asa Sul, em todo o trajeto da W3 (Sul e Norte), da Esplanada dos Ministérios até a Rodoferroviária (que, no futuro, vai receber passageiros de trens regionais para Luziânia e Goiânia) e entre o Sol Nascente e o Riacho Fundo, passando por Taguatinga, que é o primeiro que deve sair do papel.
“Mas não vamos abandonar o que já está sendo feito”, jura o futuro secretário de Mobilidade. “O BRT Sul, no Gama e Santa Maria, precisa de ajustes. O Norte, até Sobradinho, já está em obras e será implantado, assim como o corredor exclusivo da EPTG”, completa Carlos Tomé.
População vai definir o valor da tarifa
Congelado há dois governos, o preço das passagens do transporte público deve subir, para equilibrar o sistema. Ou cair a zero. “Vamos apresentar os custos para a sociedade”, diz Carlos Tomé. “O PSB defende a tarifa zero, mas, para bancá-la, é preciso abrir mão de outras coisas, porque o transporte é muito caro. Será que quem paga a conta quer isso?”, questiona. “Vamos criar mecanismos para descobrir”.
Fonte: Jornal Metro Brasília
Do blog: Rede Integrada de Transporte Coletivo
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