Brasil se rende ao modelo de hotéis dentro de aeroportos
O novo Prodigy Santos Dumont
O movimento de ampliar as receitas dos aeroportos, indo muito além das fontes tradicionais, ganha cada vez mais corpo no Brasil, como já se via há algum tempo em diversos países. O processo de concessão à iniciativa privada iniciado no princípio desta década deu força extra a esse processo. Os consórcios vencedores chegaram com a missão de rentabilizar ao máximo os terminais, impulsionados inclusive por estudos da própria Infraero que indicavam um potencial enorme de expansão.
Na época do leilão do Aeroporto Internacional de Guarulhos, por exemplo, estimativas da Secretaria de Aviação Civil apontavam que as receitas tarifárias anuais poderiam crescer 23% e as não-tarifárias animadores 115% durante o prazo de concessão. Para o Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, a projeção era ainda mais impressionante: aumento de 348% das receitas tarifárias e de 1379% das não-tarifárias. Isso para falar apenas de duas das jóias da coroa que foram repassadas ao empresariado.
O fato é que também terminais que continuaram sob gestão da Infraero foram dando passos importantes para aumentar suas entradas. E hoje, independentemente de a liderança ser pública ou privada, os administradores veem no desenvolvimento imobiliário uma espécie de galinha dos ovos de ouro para reforçar seu caixa. Nesse cenário, os hotéis vêm se projetando com especial destaque.
Demanda latente
Há bem pouco tempo, um passageiro em trânsito tinha de se dirigir para locais nem sempre próximos se quisesse se hospedar. Claro, se o tempo disponível fosse suficiente para comportar o trajeto, fora os inconvenientes de transportar bagagens, arriscar-se a atrasos e gastar elevadas quantias com táxi no caso de aeroportos distantes.
Quem estivesse adiantado para o embarque e desejasse relaxar um pouco ou alguém que desembarcasse direto para um compromisso não tinha chance de fazer uma parada rápida para um banho e troca de roupa, um telefonema com privacidade ou um cochilo. E aquele que perdesse um voo ou fosse surpreendido por um cancelamento não contava com a alternativa de se manter por perto, com comodidade, à espera de uma solução.
Essa demanda latente dos viajantes, maximizada pela multiplicação do público nos últimos anos (um total de mais de 100 milhões de pessoas ao ano, apenas para falar nos terminais da Infraero), acendeu o sinal de alerta para uma oportunidade única de investimento e lucro.
“Entendemos a implantação de hotéis em sítios aeroportuários como uma forma importante para unir as demandas de conforto e praticidade dos passageiros com a geração de receita comercial”, avalia André Luís Marques de Barros, diretor comercial da Infraero.
“A receita proveniente de hotéis virá a ser bastante relevante para nós ao longo do tempo, com o desenvolvimento de todo o braço imobiliário do aeroporto”, assinala Cesar Worms, gerente de Negócios Imobiliários de Viracopos.
E representando os investidores, Samuel Sicchierolli, CEO da VCi Holding - Venture Capital Investments Group (joint venture entre o grupo Fisa e a Valor Finanças Corporativas), confirma: “Começamos a olhar o negócio da hotelaria dentro dos aeroportos porque nos pareceu muito interessante a combinação de demanda versus investimento versus retorno”.
Experiências implementadas
Ainda são poucas as experiências implementadas nesse sentido no País. Uma delas é o Fast Sleep, marca de descanso e banho da rede Slaviero que opera desde 2008 na ala nacional e também na internacional do Aeroporto de Guarulhos.
Outra rede que vem dando atenção a hotéis em aeroportos é a GJP, de Guilherme Paulus. Ele está inaugurando em setembro, com investimento de R$ 65 milhões, o Prodigy Santos Dumont, maior equipamento do grupo, com quatro estrelas e 300 apartamentos.
A VCi, por sua vez, está investindo em projetos de hotéis em Guarulhos, Viracopos e no
Aeroporto Internacional de Brasília (todos sob concessão), que devem entrar em operação nos próximos dois a três anos.
Fonte:
http://griclub.org/noticia/infraestr...portos_31.html