Brasília projeta rede para 1982 Da Sucursal de BRASÍLIA
Até 1982, o governo de Brasília pretende que entre em funcionamento a rede de 100 quilômetros de um metrô-leve, unindo o Plano Piloto às cidades-satélites de Taguatinga, Ceilândia, Guará e ao Núcleo Bandeirante. O anteprojeto será entregue no próximo mês pela empresa Consultores de Engenharia e Desenvolvimento (Cend), do Rio, que receberá seis milhões de cruzeiros por esse trabalho e pela elaboração do plano diretor para os transportes urbanos do Distrito Federal.
O metrô-leve - basicamente o pré-metrô carioca - nada mais é do que um sistema de bondes reforçados, articulados e fechados. Sua escolha, em substituição ao metrô convencional, foi devida principalmente ao elevado custo deste último e à perspectiva de que dentro de 15 anos, Brasília deverá ter uma frota de 600 mil veículos, para o transporte diário de mais de um milhão de pessoas, com o congestionamento inevitável de todas as vias da cidade.
A idéia do metrô-leve para Brasília surgiu durante a elaboração do plano diretor para os transportes coletivos da capital brasileira, encomendado à Cend em janeiro. Foi sentida a necessidade de instalar um sistema que não aumentasse o consumo de combustível, atualmente calculado em 350 milhões de litros por ano, com uma projeção para os próximos 15 anos de 1,2 bilhões de litros.
O elevado custo de construção do metropolitano convencional - cerca de 20 bilhões de cruzeiros por quilômetro - tornava esta solução inviável, para uma cidade de porte médio e sem uma demanda de passageiros que justificasse o investimento. A solução intermediária, o pré-metrô - largamente usado na Europa e adotado pelo Rio -, reduzirá o custo da obra para 1,2 bilhão de cruzeiros por quilômetro, num total de 12 bilhões para instalação e operação da rede. A proposta foi apresentada ao governo de Brasília na primeira quinzena de Agosto e a empresa carioca e consultoria autorizada a elaborar o anteprojeto. O projeto final das linhas estará pronto até o fim do próximo ano, permitindo que as obras sejam iniciadas em 1978 e concluídas no máximo em cinco anos.
Vantagens
O metrô-leve reduzirá em 30 por cento o consumo de combustível. Esse fato, aliado à melhor racionalização do transporte e energia, permitirá melhor circulação no Plano Piloto, atualmente congestionado. Com a diminuição do uso de carros no centro de Brasília, acreditam os técnicos que a atual incidência de mil acidentes por ano, com 100 mortos, será reduzida também em 30 por cento. Nos próximos 15 anos, as autoridades previam que o número anual de acidentes chegaria a cinco mil, com 500 mortos.
Com o metrô-leve ligando as cidades-satélites ao Plano Piloto, o tempo normal de viagem entre os dois extremos - atualmente de uma hora - será de 45 minutos, melhorando com isso, segundo os técnicos, a produtividade do trabalho e até a expectaviva de vida da população, que poderá prolongar-se por mais cinco anos além da média, devido à diminuição do stress.
Acredita a mesma fonte que o exemplo de Brasília e do Rio, na utilização do pré-metrô ou metrô-leve poderá ser estendido a outras cidades médias brasileiras, porque seu baixo custo e rapidez de instalação seria ideal para a eletrificação dos transportes coletivos preconizada pelo governo.
Estágios
De acordo com o anteprojeto, o sistema será construído em quatro fases. A linha prioritária, Asa Norte-Asa Sul-Guará, com 40 quilômetros de extensão, deverá estar operando em 1980, com o custo calculado de cinco bilhões de cruzeiros. O segundo estágio prevê um trecho de 21 quilômetros unindo Guará a Gama, que custará 2,5 bilhões de cruzeiros. A mesma importância deverá ser gasta na ligação Guará-Ponta do Eixão-Estação Rodoviária, com 22 quilômetros, custando dois bilhões de cruzeiros. Para 1985, está planejada sua extensão até Sobradinho, com 30 quilômetros.
Serão adquiridas 120 unidades (dois carros-reboques e um momtor), acoplados em 40 composições de nove vagões, com capacidade para dois mil passageiros. Os trens, fabricados no Brasil, seráo iguais aos encomendados para o pré-metro do Rio.
De acordo com o ate-projeto, o metrô-leve de Brasília terá 94 por cento de nacionalização, importando os restantes seis por cento. No eixo e nas asas do Plano Piloto, as linhas serão subterrâneas, em uma extensão de 12 quilômetros. Estão previstas 19 estações e as composições atingirão a velocidade de 120 quilômetros por hora.
Fonte: Acervo do Estadão.
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