Setor imobiliário investe em condomínios de luxo
Novo loteamento em Uberlândia é focado em famílias com renda de R$ 40 mil
Manuella Garcia
Repórter
Jornal Correio de Uberlândia
Atualizada: 30/09/2008 - 22h20min
Média (0 votos)
Alterar o tamanho
do texto
O crescimento das classes A e B de 11,31% da população, em 2004, para 13,52%, em 2008, segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), impulsionou a construção de condomínios fechados de alto padrão. Projetados para proporcionar segurança e qualidade de vida a moradores de alto poder aquisitivo, o mercado, que antes se concentrava nas grandes metrópoles, está em ascensão no interior.
Em Uberlândia, mais de 10 empreendimentos voltados para este público já foram lançados e pelo menos mais um está em obras. Um dos mais recentes loteamentos, o Reserva do Vale, com área total de 200 mil metros quadrados, foi construído na zona Sul da cidade voltado a um grupo ainda mais seleto: a classe AA que, de acordo com os cálculos do gerente de marketing do empreendimento, Ben-Zion Wittenberg, corresponde a 2% da população brasileira.
Ele explicou que a estratégia de venda dos 186 terrenos, entre 627 m² e 1.570 m², está voltada para famílias com renda de, no mínimo, R$ 40 mil mensais. Com o valor do metro quadrado fixado em R$ 320, o menor lote sai por R$ 200.640, à vista.
As opções de lazer coletivas são área verde com árvores nativas e lagos naturais, quadras de esporte, academia e salão de festas. “Essa classe de pessoas prefere construir a própria piscina a utilizar a do condomínio”, afirmou Wittenberg. Segundo ele, 30% dos lotes já foram negociados.
Lançado, também neste mês, o condomínio Vila dos Ipês, localizado no bairro Jardim Karaíba, tem formato parecido. Os 116 lotes com área média de 600 m² custam cerca de R$ 170 mil e destinam-se a um público de poder aquisitivo mais alto. De acordo com a corretora de imóveis Regina Gargalhone, proprietária da imobiliária responsável pela venda dos terrenos, o público-alvo tem preferência por condomínios menores.
O condomínio Vila do Sol, localizado na mesma rua e que foi lançado há quatro anos pelos mesmos proprietários, tem 83 lotes com a mesma área. Regina Gargalhone afirma que quase todos os lotes estão vendidos e que até agora o mercado local tem absorvido bem a oferta de novos residenciais. “É o próprio cliente que nos procura. Não há propaganda massificada, pois o que funciona nesse segmento é o boca a boca”, disse.
Outro condomínio de luxo anunciado neste mês é o Grand Park Condominium Club, que será instalado em uma área de 19,3 mil metros na avenida Anselmo Alves dos Santos. O empreendimento será destinado às classes A e B, conforme informações de Sílvio Chaimovitz, diretor de incorporação da Klabin Segall, responsável pelo empreendimento.
Os 572 apartamentos serão distribuídos em quatro torres residenciais e terão áreas que variam de 93 m² a 153 m². O valor será de R$ 260 mil a R$ 400 mil. O empreendimento vai ser o primeiro condomínio vertical de Uberlândia e terá um centro comercial, hotel, salões de convenções, além de dependências comuns para esporte, lazer e entretenimento.
Gávea terá quarto complexo
O Gávea Empreendimentos, que já lançou três condomínios (Hill 1, Hill 2 e Gávea Paradiso), com quase 600 lotes, deve lançar no fim de 2009 no bairro Morada da Colina, setor Sul, o Gávea Solaris. O loteamento terá 100 unidades com área média de um mil m². O diretor de engenharia da empresa, Mouzer Peixoto da Cunha, disse que os preços ainda não foram definidos, mas que compensa investir no ramo.
“Eu costumo comparar esse mercado com a taxa de crescimento da cidade. A classe média está em ascensão e a distribuição de renda está melhor, mesmo que o público-alvo seja a classe A”, disse. Ele acrescentou que a renda familiar mínima para se morar em um condomínio de luxo em Uberlândia é de cerca de R$ 5 mil.
Investimentos
Os residenciais Jardim Barcelona e Jardim Roma, ambos localizados na região Sul, também se enquadram no conceito de condomínios de alto padrão. Construídos há alguns anos, mas ainda com lotes disponíveis, os empreendimentos foram lançados pela FGR Urbanismo que pretende explorar ainda mais este mercado na cidade.
O gerente comercial da filial da empresa em Uberlândia, Rogério Moreira, disse que a FGR tem uma área para investimentos nos próximos 15 anos, todos voltados para condomínios horizontais.
Nos dois complexos que já existem, os lotes variam entre 377 m² e 1.000 m² e são voltados para famílias com renda acima de 20 salários mínimos, ou cerca de R$ 10 mil. O valor do metro quadrado nos Jardins Roma e Barcelona varia de R$ 220 a R$ 250.
Qualidade de vida é valorizada
Segurança e qualidade de vida, aliadas à sofisticação, são os fatores que mais atraem os moradores para os condomínios de alto padrão, afirmam os empreendedores. Segundo o gerente da FGR de Uberlândia, Rogério Moreira, uma pesquisa realizada pela empresa constatou que 60% dos moradores procuram mais segurança.
Além disso, o “fomento à convivência entre os vizinhos” é outro ponto abordado pelos clientes. “As crianças podem brincar de forma mais livre nas ruas do condomínio, sem a preocupação com assaltos ou trânsito”, disse Moreira.
Esse “modo de viver” é destacado também pela corretora de imóveis do Vila dos Ipês, Regina Gargalhone. Para ela, as pessoas buscam um modo de vida parecido com o de antigamente e que não se vê mais pela falta de segurança e agitação das grandes cidades.